XII - DEPRESSÃO PÓS PARTO

 


Meu médico me deixou 1 semana internada para eu poder acompanhar meu filho na UTI e não ter que ir pra casa sozinha.

Meus pais foram me buscar no dia da alta. Pediram pra nós ficarmos na casa deles durante o período do resguardo. Meu filho chorava muito, por ser muito pequeno, não pegava o peito e tomava leite na seringa. Fiquei 10 dias na casa da minha mãe. Ela me ajudou. Eu estava frágil, mal dormia e ainda cuidava dos meus filhos. Ele ainda levou a filha dele pra lá durante todo esse tempo. Isso foi motivo de uma briga entre a gente. Eu tinha acabado de dar a luz, minha mãe me ajudava com as coisas do bebê e da minha filha e ele ainda levava outra criança pra dar trabalho?
Com as brigas fiquei com vergonha de ficar na casa dos meus país, pedi pra ir embora. E voltamos pra nossa casa distante. Como eu estava agora de licença maternidade, meu tempo era exclusivo aos meus filhos. Não dava conta de tudo. Ele saía pra trabalhar cedo. Eu tinha que fazer as tarefas da casa, cuidar de um bebê recém nascido e ainda minha filha que tinha 3 anos e ainda levar e buscá-la na escola. Quando ele chegava em casa à noite, eu estava chorando, sem banho e deprimida. Desenvolvi uma depressão pós parto e emagreci 20 quilos em 3 meses.
Meu filho chorava muito, não conseguia mamar no peito e entrou cedo nas fórmulas. Ele dormia mal, chorava muito de dor. Descobrimos que ele tinha refluxo. Como chorava o tempo todo, eu não tinha tempo nem de ir ao banheiro.
Tive a visita de uns poucos amigos e da família e ficava a maior parte do tempo sozinha com as crianças. Meu marido ficava em casa o dia todo só aos finais de semana.
Eu achei que meu período de resguardo estava difícil, mas pelo menos eu tinha parado de apanhar, só que não.
Lembro que um sábado, coloquei o bebê dormindo no carrinho, minha filha brincava com a filha dele no quarto e ele estava na sala assistindo tv. Eu precisava lavar roupas. Levei o carrinho com o bebê até a área de serviço e comecei a colocar a roupa pra lavar. Ele me chamou pra ficar ao lado dele assistindo tv. Falei que não podia, porque tinha muita roupa pra lavar, inclusive o uniforme de trabalho dele. Ele me chamou mais umas duas vezes. Eu dizendo que ia assim que terminasse.
Um segundo depois ele foi até a área de serviço e parecia que estava possuído. Me puxou pelo braço e me bateu. Eu ainda estava de resguardo. Com meu grito meu filho acordou e começou a chorar. Eu o peguei no colo. Ele tirou meu filho dos meus braços, meu filho berrava. Pedi, por favor não faz nada com meu filho. Ele falou, você tá doida? Vou fazer é com você. E me bateu de novo. Caí no chão. As meninas ouviram o barulho e saíram do quarto. Vieram até a mim e ele parou. Falei que sem querer eu tinha caído no chão e o papai tinha vindo me ajudar. Enfim, sentei ao lado dele pra ver tv.
Minhas lágrimas desciam. Meu pesadelo não tinha terminado. Era a segunda vez que eu pedia a Deus pra morrer.

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