XV - FUI HUMILHADA NUMA AUDIÊNCIA TRABALHISTA



 Finalmente, minha audiência havia sido marcada. Eu precisaria levar uma testemunha, que estava certa, pois uma amiga tinha sido mandada embora na mesma época que nós. Era a única amiga que me restava. Meus filhos a amavam e era a única pessoa que eu conversava sobre o que eu estava vivendo.

Ela foi injustiçada. Pois foi mandada embora após as denúncias que fizemos, porque era nossa amiga.

No dia da audiência cheguei lá, meus advogados do Sindicato também. Minha testemunha não aparecia. O horário da audiência estava perto e ela não atendia nenhuma ligação minha. Comecei a ficar preocupada. Liguei pro meu marido e pedi pra ele ir na casa dela para saber se alguma coisa havia acontecido. Ele chegou lá, portão trancado. Ninguém respondia.

A minha vez chegou. O meirinho me chamou. O juiz pediu que as partes apresentassem as testemunhas. A empresa levou meus colegas que foram forçados a ir, e diante do juiz falei que não tinha testemunha pra apresentar. Nunca me senti tão humilhada, o juiz me deu uma lição de moral, disse que eu estava inventando uma causa que não existia, que ele não estava ali para brincadeiras e que invalidaria meu processo. Saí de lá arrasada. Cheguei chorando em casa, contei ao meu marido. Ela era a nossa única amiga. Sabia tudo o que tínhamos passado, ela era minha única confidente. Sabia de toda minha vida Não entendia porque ela não tinha ido na audiência, nem atendido o celular.

Dias depois, soube que ela voltou a trabalhar no Porto. Que a mesma tinha feito um acordo com a empresa para voltar a trabalhar. A condição era não ir na minha audiência.

Entendi que nossa amizade tinha terminado. Depois daquele dia, fiquei ainda mais só. Não tinha mais a minha única amiga. Fui traída por ela e tive que ouvir quieta tudo o que meu marido me jogara na cara. No fundo eu não a julgava. Ela não tinha os pais, criava seu filho sozinha, não tinha companheiro e tinha sido mandada embora por nossa causa.

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