XIII - A VOLTA AO TRABALHO APÓS A LICENÇA MATERNIDADE

 


Minha volta ao trabalho não foi fácil. No início consegui uma menina que ficava com meus filhos em casa. Eu saía às 07h de casa e voltava quase às 19h. A jornada de trabalho para ela era dura, eu sabia. Ela não ficou muito tempo, e como eu não conseguia ninguém para trabalhar na minha casa com um horário tão exaustivo, arrumei em Arraial com a antiga babá da minha filha. Eu teria que levar meus filhos todos os dias pra lá. Pegava duas conduções, deixavam os dois na casa dela. Uma das filhas dela levava e buscava minha filha na escola e depois eu buscava os dois na casa dela no final da tarde. A rotina foi cansativa para nós e para as crianças. Era preciso morar mais próximo ao trabalho.

Conversei com meu marido, o dinheiro que pagávamos de aluguel, babá e passagens de ônibus levavam a maior parte dos nossos salários. Não compensava mais morar tão longe. Avisei ao meu pai que deixaríamos a casa e estávamos buscando outra pra alugar em Arraial.

Meu pai tinha vendido todo o prédio comercial dele junto com as casas, a dele e a que eu morava com meu ex. Tinha comprado uma casa num condomínio fechado em Arraial, mas não havia sobrado dinheiro pra se manter. Não tinha conseguido se aposentar. Trabalhava na prefeitura pra ganhar um salário mínimo. 

Meu pai nos fez a proposta de alugar a casa dele. Aceitamos. Nós moraríamos na casa principal e ele e minha mãe na kitnet do quintal. Morando em Arraial, consegui uma vaga para meu filho na creche e uma vaga pra minha filha numa escola perto do meu trabalho. Ficou mais fácil, mas não menos oneroso.

As brigas e os tapas eram mais espaçados, mas não deixavam de acontecer. No fundo eu tinha era vergonha de pedir ajuda. Eu ainda apanhava de vez enquando. Mas agora, em silêncio pros meus pais não ouvirem.

Meu filho fez um aninho e minha filha quatro anos. Comemoramos no mesmo dia. Fizemos uma festa com a família e colegas do trabalho.

Meses depois, insatisfeitos com o trabalho no Porto e com a roubalheira que acontecia lá, resolvemos denunciar. Não levou muito tempo até colocarem a gente na rua. Meu filho ainda era um bebê. Como faríamos com duas crianças em casa, pagando aluguel, escola, e um monte de pensão que ele teria que pagar?

Nossa sorte, que sempre fui boa funcionária. Recebi a rescisão e consegui dar entrada nas 5 parcelas do meu seguro desemprego. Ele não recebeu um centavo sequer. Consegui ainda por alguns meses bancar nosso aluguel e comida, mas tinha que tirar minha filha da escola particular. Depois de alguns meses estava difícil arrumar trabalho e o dinheiro havia acabado.

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