XXIX - MEU FILHO TENTOU SUICÍDIO
Após o episódio que aconteceu entre meu marido e a filha dele durante a pandemia, o fato ocorrido me ativou diversos gatilhos. Fui ao psiquiatra me tratar de uma ansiedade e depressão. Tudo isso em plena pandemia. Minha vida era acordar, tomar remédios, fazer as coisas de casa e dormir. Mas além de mim, quem ficou muito mal foi nosso filho. Com o lockdown, o mesmo não tinha mais escola, taekwondo, amigos...
Esse isolamento fez mal pra muita gente. No meio do desespero me vi com um filho depressivo, isolado e com crises de ansiedade e o pior: com pensamentos suicidas.
Aos poucos com a vacina, a vida de todos gradativamente foi voltando ao normal. Eu e meu marido trabalhando, minha filha trabalhando numa loja e meu filho fazendo aula remota de casa. As aulas online não ajudavam meu filho sair da crise de depressão.
Tentem imaginar a pior dor do mundo. A pior dor que já senti, nunca foi as surras que levei durante 20 anos de relacionamento, nem os abusos que sofri durante a infância e adolescência. Minha pior dor foi ver meu filho querer morrer. no dia 19 de outubro às 14:30h da tarde. Neste fatídico dia, recebi um telefonema da minha filha que estava no trabalho dela. Meu filho apareceu na escola que ela trabalhava totalmente desnorteado, com aparência entorpecida e sem falar nada com nada. Pedi pra ela levar o irmão pra casa enquanto eu saía do trabalho correndo para eu saber o que estava acontecendo.
Cheguei em casa, meu filho caído na cama e em sua escrivaninha uma cartela de Clonazepan de 2mg vazia. Ele tomou 30 comprimidos. Tentei fazê-lo vomitar, dar leite, banho frio... tudo em vão. Falei pro meu marido que se não levasse ele imediatamente ao hospital, o coração dele iria parar.
Pedi ajuda de um amigo para socorrê-lo e nos levar ao hospital. Uma ambulância poderia não chegar a tempo. Foram as piores 24 horas da minha vida. Meu filho no hospital, tomando medicação, porque a lavagem nãofazia efeito. Já haviam muitas horas que o mesmo havia tomado a super dosagem de medicação. Foram 24 horas no hospital até a alta. Depois de passar por assistente social, psicólogo e com uma consulta ao psiquiatra e terapia no CAPS. Saiu vivo. Poderia não ter saído vivo do hospital.
Meu sentimento foi de raiva naquele momento. Como um rapaz com 18 anos, tendo tudo que quer, com namorada, tenta desisitir da vida? Há algo mais egoísta que isso? Sequer pensou nos avós idosos ou em mim? No Pai? Nos irmãos? Só fui entender quando ele me pediu perdão, disse que não queria morrer, apenas fazer a dor dele passar.
Meu filho continua em tratamento. E a recuperação é lenta. Cada retorno ao psiquiatra, aumento de doses na medicação. Suas crises requer compreensão. paciência....Eu rezo, imploro a Deus para curá-lo. Mas não estou sabendo lidar com meus transtornos. Como alguém em tratamento psiquiátrico cuida de um filho suicida?
Comentários
Postar um comentário