Postagens

Mostrando postagens de março, 2023

XXVI - UMBANDISTA OU MACUMBEIRA?

Imagem
 Trabalhar com a espiritualidade não tem como explicar. Há o processo de dor, de cura, de renovação e serviço. E sim, passamos por todos esses processos. Ter uma rotina espiritualizada te ensina a perdoar, a olhar com amor o outro e principalmente se perdoar. O que mais eu tinha medo em fazer parte da Casa de Caridade, era o julgamento das pessoas. Meus pais não poderiam sequer sonhar que eu trabalhava numa casa de Umbanda. A espiritualidade, diferente de religião é um processo de eterno aprendizado. É cair, se levantar e ajudar o outro a se levantar também. É ajudar o outro, mesmo que sua vida esteja um caos, Porque olhando os problemas do outro, vemos que os nossos são extremamente menores e irrelevantes. Na Umbanda, cultuamos os Orixás, mas também abraçamos o Cristianismo, o Kadercismo, a espiritualidade Cigana e nossos ancestrais indígenas e negros que foram escravizados. Que linda é a Umbanda. Uma religião brasileira que agrega tantas outras. Fazemos festas, entregas, trabalho...

XXVII - CASAMENTO

Imagem
  O casamento é constante aprendizado. A gente se apaixona, e de repente já não vê mais tudo aquilo que você admirava no seu parceiro. A rotina vai retirando todo aquele tesão de início e as dificuldades, elas vêm. A dificuldade no relacionamento, ela pode ser conversada, acertada, mas quando há violência doméstica, o que você acerta? Por anos eu tentei pôr fim no meu relacionamento. Primeiro a vergonha impedia, depois a falta de apoio, depois você pensa nos filhos e o pior dos motivos: o medo. Medo de morrer, medo de ser um estorvo pra família, de ser a vergonha dos filhos... Eu passei por todas essas fases. Mas o que levou meu casamento até hoje, posso dizer que não foi só resiliência, foi a minha fé. Não vou e nunca romantizarei a violência doméstica. Eu sofri muito. Sofri o que nenhuma mulher deveria sofrer pelas mãos de quem ela ama. Embora sofresse, não podia dizer que minha fé foi inquebrantável. Eu caí diversas vezes e com a queda, eu levantei mais forte. A espiritualidade ...

XXV - PERSISTIR NO ERRO

Imagem
Quando chegamos em casa, ele me acusou de dar mole pro cara, de ter aceitado uma festa dele, de ter deixado ele de lado... de novo, apanhei. No dia do meu aniversário. Um dia que eu era pra estar feliz. Feliz com as pessoas que gostavam de mim. Celebrar alegrias, mais um ano de vida... mas fui dormir chorando. Mais uma vez, meus filhos ouviram, tentaram interferir... Pedi que eles fossem dormir na casa dessa minha amiga. Eu não aguentava mais tanta dor... Minha filha perguntava: Porque você ainda está com ele? Eu nem sabia mais responder... Conviver com pessoas violentas é extremamente difícil. Elas não costumam tratar os outros bem, causando desconforto em quem está ao seu redor. É necessário ter muita paciência e controle emocional para não se deixar levar por suas palavras e condutas. E cada palavra proferida a mim, doía como enfiar um punhal no meu coração... Como eu poderia amar um homem daquele jeito? Porque não amar um homem que possa me ver feliz... que me traga alegrias, que s...

XXIII - A VOLTA PRA CASA

Imagem
Fui embora do Rio de Janeiro. Voltei pra casa com meus filhos. Algumas semanas depois ele também voltou. Tínhamos a dívida da mudança, eu recomeçaria meu trabalho do zero, com salário inicial, a vida seria mais apertada. Mas eu estava feliz por ter voltado. Meus filhos também. Recomecei no Porto de volta à Segurança, meu cargo de promoção tinha sido dado a outra pessoa. Meu marido começou a trabalhar de auxiliar de elétrica com meu cunhado. Juntos daria tudo certo. Meus filhos foram pra escola pública, pois não poderíamos pagar uma particular até nos acertar financeiramente. Em poucos meses, conseguimos pagar a grana que devíamos da mudança, e aos poucos, melhorar nossa casa. Devido a muitos problemas financeiros que vínhamos passando, estávamos afastados do meio liberal. Conhecemos algumas pessoas do meio em algumas festas, mas achávamos as pessoas desinteressantes.  Nossa vida tinha voltado ao normal, sem brigas, sem violência, até  ele querer voltar pro swing. Íamos em muit...

XXIV - BISSEXUALIDADE MASCULINA

Imagem
  Os dias passaram-se, transformaram-se em meses e nossa relação foi voltando ao novo normal. Se alguém me perguntar porque nunca o denunciei, não sei explicar direito. Uma mistura de culpa, vergonha, raiva... tudo junto e eu o amava, apesar de tudo, ele era meu grande amor. Poucas pessoas sabiam do nosso relacionamento difícil. Depois de nossa última briga, ele passou a se tornar uma pessoa extremamente atenciosa comigo. Meu filho começou a ficar mais arredio com ele. Começamos a nos permitir sair mais. Com pessoas normais, sem meio liberal. Começamos a sair mais com aquela amiga que eu tinha me afastado. Ela tinha um amigo muito bacana, e saíamos juntos algumas vezes. Saíamos pra shows, barzinhos, festas, enfim amizades normais. Gostava da companhia deles. Certa vez, em um churrasco em que ficamos os 4 completamente bêbados, meu marido contou ao rapaz que fazíamos swing. Eu fiquei espantada naquela noite, porque ele abriria nosso segredo a um homem? Ele não era bonito, mas extrem...

XXII - MORANDO NO RIO DE JANEIRO

Imagem
  Pedi um ano de licença sem vencimento do meu trabalho e em fevereiro de 2014, nos mudamos para o Rio de Janeiro. Foi muito ruim para mim e para as crianças se adaptar. Eu gostava muito do bairro em que morávamos, mas detestava o bairro em que trabalhávamos. Trabalhávamos em uma fábrica de salgados em Rio das Pedras. Lugar feio, sujo, sem saneamento básico e fora as duas conduções que precisávamos pegar para o trabalho. Matriculei as crianças em nova escola, como a escola era próxima de casa, minha filha, na época com 12 anos, ia pra escola com o irmão e a tarde ficavam sozinhos até a gente chegar a noite. Deixava almoço pronto, material de lanche, lanche de escola, mas o principal eles não tinham: a gente em casa. Para compensar os finais de semana eram dedicados à família, íamos ao zoo, as feiras, parques, visitávamos pontos turísticos, almoçávamos fora. Ficamos uns meses trabalhando naquela fábrica que eu odiava. Íamos pra Arraial somente nos feriados e meu relacionamento com m...

XXI - VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Imagem
Tentar ser uma boa mãe, enquanto meu mundo desmoronava, foi o papel mais difícil que já interpretei. Sempre me policiava para que meus filhos nunca me vissem apanhar. Nunca permiti que a imagem do pai  fosse distorcido por causa da violência doméstica. Ocorre o que a gente chama de "revitimização", em que todas as vezes que tem que lembrar o tema, revive o terror. Traz muita dor o fato de reviver tudo. E eu me lembro de cada violência sofrida.  Certa vez, pedi pra voltar pro Porto. Meu tempo na Ação Social havia terminado. Fui trabalhar na portaria do Porto onde tinha algumas meninas, voltei como secretária do chefe da segurança e trabalhava com muitos guardas do sexo masculino. Eu tinha boa relação com todos.  Certa vez, fomos fazer uma passeio de barco com as crianças, passeio esse que ganhei de um colega de trabalho. Falei com ele, tomei todo o cuidado para apresentá-lo para o rapaz que trabalhava comigo e nos dias de folga trabalhava de marinheiro em uma embarcação de...

XX - VIDA DE CASAL NO SWING

Imagem
  A vida ficou boa até certo ponto. Nossa casinha seguia em construção, nossos desentendimentos diminuídos, e a vida das crianças estava melhor. Tínhamos uma rotina de trabalho e família.  Como casal, sempre costumávamos ver filmes pornôs ou mais picantes para apimentar o sexo. Achava normal, pois éramos casados, e o que faríamos entre quatro paredes estava somente entre nós. Ele sempre foi extremamente machista, chamava de viado qualquer homem mais afeminado. Mas ele achava lindo quando duas mulheres se pegavam nos filmes. Eu tinha um sentimento diversificado ao ver os filmes. Embora ficasse mais excitada, eu achava lindo dois homens se pegando também. Gostava de ver o canal "FOR MEN". Uma vez passando pelos canais, vimos uma programação pela madrugada chamada "SWING's PARTY" que consistia em festas no mundo liberal.  Swing  ou troca de casais, é um relacionamento sexual entre dois ou mais casais estáveis que praticam sexo grupal como uma atividade recreativa o...

XIX - CONSTRUÇÃO DA CASA PRÓPRIA

Imagem
  Com o que ganhávamos, conseguiríamos fazer nossa casa própria. Fizemos o desenho da casa, meu pai passou pra mim um terreno que tinha atrás da casa do meu irmão, contratamos o pedreiro e começamos a construir o sonho da nossa casa própria. Nesse meio tempo, minha irmã descobriu uma traição do marido dela. Ele a deixou para morar com outra mulher. Ela definhou, entrou em profunda depressão, não comia, emagreceu. Fiquei com pena de vê-la daquele jeito e das crianças. Ele foi embora faltando 1 semana pro Natal. Falei com meu marido e fomos dar uma força pra ela. Uniria o útil ao agradável. Nós ajudaríamos ela com as crianças enquanto tomávamos conta da nossa obra que era bem perto dela. Que prazerosa tinha tornado nossa vida. Comprávamos tijolo por tijolo e víamos nossa casa sendo construída. Pagava babá pros meus filhos enquanto eu estava no trabalho, buscava minhas crianças e as crianças dela na escola e passei a cuidar da minha irmã também que estava numa depressão terrível. Não ...

XVIII - GANHO DE CAUSA NO PROCESSO TRABALHISTA

Imagem
  Meses depois, soube que os antigos diretores do Porto tinham saído. Como o sucessor do prefeito  havia perdido as eleições, a diretoria tinha sido exonerada e deixou o meu processo correr sem a defesa deles para seus sucessores pagarem. Isso era bom pra mim. O juiz que tinha me humilhado, havia sido retirado do caso e a juíza que despachou meu processo deu ganho de causa para mim. Eu seria reintegrada ao Porto e teriam que pagar três anos do meu salário em que estive fora. O valor seria pago em 12 vezes. Agradeci a Deus porque esse dinheiro foi muito esperado. Eu teria de volta meu trabalho que me pagava melhor e ainda uma boa quantia em dinheiro que daria para construir nossa casa própria e sair da kitnet da minha mãe com as crianças. Nesse meio tempo, soubemos que o processo do meu marido também havia corrido à revelia. Ele não foi reintegrado na empresa, porque ele não tinha feito o Concurso que eu tinha feito, mas o juiz mandou pagar um valor de indenização pra ele, sua ...

XVII - TENTANDO DAR A VOLTA POR CIMA

Imagem
Logo depois da loja de descartáveis, meu marido através de um colega, conseguiu um trabalho na Segurança de uma fábrica de sal. Lá tinha benefícios que a gente precisava: plano de saúde, cesta básica... O horário dele era de tarde para a  noite e passou a ajudar muito em casa. Ele levou meu currículo quando soube que tinha aberto uma vaga para recepcionista na mesma empresa. Fiz a entrevista e consegui o trabalho. Como o salário era melhor, consegui pagar uma pessoa para tomar conta dos meus filhos. Eu pagava a metade do que ganhava, mas ao menos nossa vida teria mais dignidade. Meu marido estava melhor. A gente vivia melhor. Conseguia fazer compras, com a cesta básica a gente conseguia ajudar minha irmã que estava num casamento de merda e meus pais. De vez enquando dava pra sair com as crianças e as vezes saíamos sozinhos pra algum barzinho. Almoçávamos no trabalho, na alimentação dava pra economizar, comprava mais coisas pras crianças pra mandar pra casa da babá.  Nossa vida...

XVI - TRABALHAR PRA PAGAR AS CONTAS

Imagem
Dezembro ia se aproximando e resolvi juntar minhas forças para conseguir um trabalho temporário. Foram dias andando, distribuindo currículos. Não tinha muito dinheiro, portanto ir à Cabo Frio, tentava distribuir o maior número de currículos possíveis. Meu marido não distribuía muito. Dizia que pra área dele não tinha nada e que eu precisava de alguém para cuidar das crianças em casa e levá-las pra escola. Ele sempre foi melhor pai do que marido. Fazia almoço, dava banho, trocava fraldas, fazia mamadeira, levava e buscava de bicicleta na escola, me ajudava com a limpeza da casa. Disso eu não tinha o que reclamar. Embora a vida estivesse mais difícil, ele estava melhor também. Eu pedia a Deus que a dificuldade o fizesse um homem melhor e eu acreditava que ele estava melhorando. Fui até uma antiga colega de escola que sabia que tinha uma loja de descartáveis e perguntei se estava precisando de homem pra trabalhar. Ela falou que o trabalho era de serviços gerais, que o salário era mínimo, ...

XV - FUI HUMILHADA NUMA AUDIÊNCIA TRABALHISTA

Imagem
 Finalmente, minha audiência havia sido marcada. Eu precisaria levar uma testemunha, que estava certa, pois uma amiga tinha sido mandada embora na mesma época que nós. Era a única amiga que me restava. Meus filhos a amavam e era a única pessoa que eu conversava sobre o que eu estava vivendo. Ela foi injustiçada. Pois foi mandada embora após as denúncias que fizemos, porque era nossa amiga. No dia da audiência cheguei lá, meus advogados do Sindicato também. Minha testemunha não aparecia. O horário da audiência estava perto e ela não atendia nenhuma ligação minha. Comecei a ficar preocupada. Liguei pro meu marido e pedi pra ele ir na casa dela para saber se alguma coisa havia acontecido. Ele chegou lá, portão trancado. Ninguém respondia. A minha vez chegou. O meirinho me chamou. O juiz pediu que as partes apresentassem as testemunhas. A empresa levou meus colegas que foram forçados a ir, e diante do juiz falei que não tinha testemunha pra apresentar. Nunca me senti tão humilhada, o j...

XIV - SE SENTIR UM FRACASSO

Imagem
  Meu filho continuou na creche até os três anos, quando foi transferido para a mesma escola da minha filha. Ficava mais fácil. O juiz havia expedido uma sentença de pensão alimentícia que meu ex tinha que pagar à minha filha. Com esse dinheiro fazia algumas compras e pagava a van para eles irem para a escola. Meus pais sabiam dos problemas pelos quais estávamos passando e que não poderíamos mais pagar o aluguel. Meu marido não saía de casa pra buscar trabalho e eu ia todos os dias entregar currículo, mas sem sucesso.  Certo dia, achei umas anotações dos meus pais com o valor que estávamos devendo de aluguel. Ali a ficha caiu. Eu não morava de favor. Estava em dívida. Sem trabalho, para onde iríamos?  Meu pai fez uma cirurgia e convenci minha mãe a ficar no quarto da casa com ele. Depois de um tempo, conversei com ela, mesmo arrumando um trabalho, não seria o mesmo valor que eu recebia do Porto e que não poderia mais manter o aluguel. Fomos morar na kitinet. Meus filhos d...

XIII - A VOLTA AO TRABALHO APÓS A LICENÇA MATERNIDADE

Imagem
  Minha volta ao trabalho não foi fácil. No início consegui uma menina que ficava com meus filhos em casa. Eu saía às 07h de casa e voltava quase às 19h. A jornada de trabalho para ela era dura, eu sabia. Ela não ficou muito tempo, e como eu não conseguia ninguém para trabalhar na minha casa com um horário tão exaustivo, arrumei em Arraial com a antiga babá da minha filha. Eu teria que levar meus filhos todos os dias pra lá. Pegava duas conduções, deixavam os dois na casa dela. Uma das filhas dela levava e buscava minha filha na escola e depois eu buscava os dois na casa dela no final da tarde. A rotina foi cansativa para nós e para as crianças. Era preciso morar mais próximo ao trabalho. Conversei com meu marido, o dinheiro que pagávamos de aluguel, babá e passagens de ônibus levavam a maior parte dos nossos salários. Não compensava mais morar tão longe. Avisei ao meu pai que deixaríamos a casa e estávamos buscando outra pra alugar em Arraial. Meu pai tinha vendido todo o prédio c...

XII - DEPRESSÃO PÓS PARTO

Imagem
  Meu médico me deixou 1 semana internada para eu poder acompanhar meu filho na UTI e não ter que ir pra casa sozinha. Meus pais foram me buscar no dia da alta. Pediram pra nós ficarmos na casa deles durante o período do resguardo. Meu filho chorava muito, por ser muito pequeno, não pegava o peito e tomava leite na seringa. Fiquei 10 dias na casa da minha mãe. Ela me ajudou. Eu estava frágil, mal dormia e ainda cuidava dos meus filhos. Ele ainda levou a filha dele pra lá durante todo esse tempo. Isso foi motivo de uma briga entre a gente. Eu tinha acabado de dar a luz, minha mãe me ajudava com as coisas do bebê e da minha filha e ele ainda levava outra criança pra dar trabalho? Com as brigas fiquei com vergonha de ficar na casa dos meus país, pedi pra ir embora. E voltamos pra nossa casa distante. Como eu estava agora de licença maternidade, meu tempo era exclusivo aos meus filhos. Não dava conta de tudo. Ele saía pra trabalhar cedo. Eu tinha que fazer as tarefas da casa, cuidar de...

XI - GRAVIDEZ DE RISCO

Imagem
  Eu estava grávida de um menino e acreditava que ele seria nossa redenção. Ledo engano. Mesmo grávida, eu sofria violência física. Muitas vezes eu nem sabia porque estava apanhando. Mas apanhava, chorava e ninguém ouvia. Eu ia trabalhar com o sorriso no rosto, pegando duas conduções pra ir e pra voltar, mas o estresse e esforço excessivo desencadeavam uma série de sangramentos durante a gestação que o médico monitorava. O maior risco se mostrou às 24 semanas. Acordei com a cama molhada, estava perdendo líquido aminiótico. Marquei uma consulta com o meu médico e ele me falou que a internação deveria ser rápida. Não poderia fazer o parto pois o bebê não aguentaria e precisava rehidratar a bolsa. Foram 15 dias de internação. Uma vez na semana, meu pais iam me visitar e todos os dias ele ia me visitar. Minha filha ficou com meus pais durante a internação e ele, como estava me acompanhando, pegou a filha dele pra ficar uns dias com ele pra ele não ficar sozinho em casa. Eu chorava no h...

X - VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Imagem
  A gente ouve a vida inteira que em "briga de marido e mulher ninguém mete a colher". Foi somente dividindo o teto com um abusador que eu queria que esse ditado fosse diferente. O abuso primeiramente começa com ciúmes, depois te afastando de parentes e amigos, depois a violência psicológica. Depois de tudo o que eu passei ouvia dele: "Se você traiu o seu marido, você é capaz de me trair." Foi uma época que me sentia extremamente só. Sem o apoio da família, eu tive que aguentar calada anos de violência. Pensava que talvez merecesse tudo o que estava me acontecendo. Me afastei da minha família, dos meus amigos, traí meu marido, levei minha filha para um ambiente violento e não podia pedir ajuda. A vergonha me impedia. Levei um ano inteiro até meus pais aceitarem ir até a casa deles e levar meu novo marido. Antes, eu só levava minha filha para vê-los e não passava da porta. No aniversário dela, decidi fazer uma festinha na creche porque não tinha clima para reunir a f...

IX - MINHA VIDA TORNOU-SE UM CAOS

Imagem
Quando aquele homem saiu de casa, começou a cobrança. Eu tinha que sair de casa. Não sabia como fazer aquilo. Se ele decidisse me abandonar, o que seria de mim e da minha filha? Conhecendo meus pais eu sabia que não seria aceita de volta. Ele falava que a ex estava transformando a vida dele num inferno. Ela sabia que ele estava saindo de casa por causa de outra mulher. E não demorou pra ela saber que era eu. Ela foi até o trabalho do meu marido e contou tudo a ele. O tempo que estávamos traindo os dois, ameaçou falar com meus pais, fazer escândalo no meu trabalho enfim... um caos. No dia fatídico, esqueci meu celular em casa. Costumava me comunicar com ele através de SMS. Fui trabalhar e deixei o celular em casa. Quando voltei na hora do almoço, meu marido me esperava, ele não tinha ido trabalhar. Olhou todo o meu celular e todas as mensagens que trocávamos durante meses. Meu marido se transformava na minha frente de uma forma que nunca o vi antes. Tornou-se agressivo, gritava, ameaçav...

VIII - TRAIÇÃO

Imagem
  O casamento já não era mais a mesma coisa. Ele era um ótimo pai, mas a rotina nos tornou irmãos. Já não esquentava se ele queria sair com os amigos, ele não esquentava que viajasse sozinha com minha filha ou ficasse num happy hour com os colegas do trabalho. E após uns 4 meses no trabalho eu conheci Ele. Um chefe de operações, usava umas roupas fora de moda, era bronco, mas eu achava que ele tinha um sex appeal.   Eu pedia muita ajuda a ele, pois não conhecia nada de porto, e ele já tinha uma grande experiência. Eu era secretária da Presidência, mas acabava ajudando as demais diretorias. Percebi que ele sempre saía do setor dele pra conversar comigo e a partir dali começou o que foi do céu ao inferno na minha vida.  Eu sabia que quando me tornei mãe eu tinha ficado mais bonita, os meses de amamentação e noites sem dormir me fizeram emagrecer. Eu usava um corte chanel curto nos cabelos e sempre com terninho impecável. Chamava atenção dos homens lá dentro. Mas eu queria e...

VII - CASEI PORQUE ESTAVA GRÁVIDA

Imagem
 A pegação virou namoro. A relação durou uns seis meses até que no mês de janeiro de 2001, descobri uma gravidez. Eu tomava pílula. Chorei por dias, eu fazia faculdade em Silva Jardim, tinha um emprego estável em Búzios e estava grávida morando na casa dos meus pais com  23 anos. Não foi difícil contar pra ele. Disse que o maior sonho dele era ser pai. Mas tinha acabado de ser demitido da Operadora de Mergulho e só eu trabalhava. Como eu ia contar aquilo pros meus pais? Numa noite não fui à faculdade, falei com minha mãe que precisava conversar com ela. Avisei que estava namorando há um tempo e ele gostaria de conhecê-la. Quando o levei pra conhecê-la, precisava ver a cara de espanto dela ao ver que ele era preto. Fui criada num ambiente bem racista. Meu avô dizia pras netas que tínhamos que clarear a cor e não escurecer... Sim, eu ouvia isso. E meu pai sempre se referia às pessoas pretas como neguinho, tiziu... Então imagina. Quando ele conheceu minha mãe, ela foi educada mas...